domingo, 17 de novembro de 2013

Comentários ao conto "Felicidade Clandestina", de Clarice Lispector

Exercício para treino

Faz um comentário crítico ao conto “Felicidade clandestina”, de Clarice Lispector (pp.50-52).
Não esqueças: faz o plano do texto antes da redação e faz a revisão no final!

“Felicidade Clandestina”, texto integrado na obra Contos de Clarice Lispector, é uma narrativa sobre o prazer da leitura.
O conto começa com a descrição física da menina sardenta, opositora relativamente à protagonista, a narradora. Esta oposição é evidenciada na relação intratextual de contraste, entre o primeiro e o terceiro parágrafo, explicitando-se as diferenças das personagens a nível físico, social e psicológico.
A crueldade da menina, assumida no início, é comprovada, por um lado, pelos juízos de valor da narradora, assumidamente subjetiva, “ crueldade”,(l. 11) “o seu sadismo” (l. 14), mas também pelas ações da personagem, que vai adiando o empréstimo de um livro muito desejado à narradora. Esta “tortura chinesa” é relatada através do recurso a expressões de tempo cronológico, por ex.: “no dia seguinte (l. 25), mas também de conectores discursivos, como as conjunções “Mas” (l. 34), “E” (l. 40).
As interrogações retóricas “Quanto tempo?” (l. 45) , a par das interjeições “ meu Deus” (l.21), das repetições, por um lado, assumem uma relação com o narratário (que se pressupõe um confidente, alguém sensibilizado para o sofrimento da narradora); e, por outro, conferem um tom coloquial ao conto.
Pela presença da narradora, pela omissão do nome da menina má, pela emotividade que transparece, poderemos deduzir o carácter autobiográfico do texto, mas, sobretudo, por ser uma confidência do que se espera de uma grande escritora, como Lispector: a certeza de que foi uma apaixonada leitora.


Prof.ª M.ª João Silvestre


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