quarta-feira, 25 de setembro de 2013

As vossas crónicas - a propósito do vídeo http://www.youtube.com/watch?v=-Hc1kFvUTT4& "O dia em que um sorriso parou São Paulo", surgiram crónicas realmente inspiradas!

Uma Manhã Diferente

Pensei que fosse uma manhã como todas as outras em que me levanto, despacho e vou para o carro com rumo ao meu monótono trabalho. No caminho, o sinal de trânsito mudou, deixando os meus olhos sonolentos observarem aquela luz vermelha a brilhar, fazendo todos os carros pararem. Liguei o rádio para me sentir menos só e começo a passar um género de desafio. Sorrir para o condutor do lado, que sorriria de volta, caso também estivesse a ouvir. Olhei para o meu lado direito e reparei que aquela senhora de cabelos negros e olhar doce me estava a sorrir. Sorri de volta. Decidi olhar também para o meu lado esquerdo e sorri, recebendo um sorriso enorme e acolhedor daquele homem que, apenas com esse gesto, parecia desejar-me “Bom dia!”.
Bastou que olhasse para o retrovisor para ver que todas aquelas pessoas estavam a sorrir umas às outras, esquecendo-se que não se conheciam e sem pedir nada em troca. Quer dizer, queriam pelo menos um sorriso. Nunca uma manhã me tinha corrido tão bem. Um sorriso, um simples gesto que tantas vezes é esquecido pelas pessoas que se escondem nas indiferenças das suas vidas.
Todos juntos fazemos a diferença e apenas um sorriso pode mudar o dia de uma pessoa e mudar a maneira como vemos as coisas ao longo da vida.

Tatiana Leal, 9.º A


Um sorriso diferente

Sete horas e o despertador já está a levantar-me da cama. Como de costume tenho de levantar cedo e fazer as coisas típicas de mulher, escolher uma camisola no meio de mil, pensar no penteado e até mesmo selecionar uns brincos que combinem. Vou para o meu carro, dirijo-me ao cansativo e monótono trabalho do qual não posso fugir. Pelo caminho deparo-me com aquela caixinha retangular de três luzes, a que chamamos semáforo, a mostrar uma intensa luz vermelha que me fez parar tal como a todos os outros carros.
Liguei o rádio à espera de ouvir algumas daquelas músicas que estão sempre a passar, mas em vez disso apenas ouvi um locutor a falar de um desafio. Consistia em sorrir para o condutor do carro ao lado, que nos iria sorrir de volta se também estivesse a ouvir a rádio. Nesse momento pensei que me iam achar maluquinha, mas lá olhei para o lado esquerdo e sorri para aquela senhora que trocou o olhar cansado por um amoroso sorriso. Um pouco depois estão os condutores todos a sorrir uns aos outros, esquecendo por momentos as suas vidas cansativas.
É incrível ver o poder de um sorriso. Aqueles sorrisos acolhedores mudaram o meu dia. Pensar em como nos esquecemos de sorrir no nosso dia a dia por estarmos muito ocupados! Um gesto pode mudar tudo.

Márcia Carvalho, 9.ºA
Mariana Branco, 9.º A





Sorrisos Livres

S.Paulo, 9 da manhã, saio de casa e entro no carro pronta para mais um dia de trabalho, ou melhor a fingir que estou pronta. Com a minha cara de mau humor matinal, sigo na estrada, estava cheia hoje. Só via carros, pessoas, motas e tudo mais. O sinal fica vermelho, sou obrigada a parar, apesar de me apetecer sair daquela bicha tremenda, ligo o rádio para ver se isso me torna mais bem disposta. Estava a dar música triste... Finalmente acaba e o locutor começa a fazer a mesma conversa de todas as manhãs.
Reparo que diz umas coisas a mais do que o habitual, sinto curiosidade em ouvir. Dá-nos instruções para sorrir e olhar. Eu assim faço. Olho para o carro que está ao lado e vejo um senhor idoso que me sorri, eu, sorrio de volta. Por momentos, sinto-me deveras mais feliz. Olho em redor e não paro de sorrir, recebo também muitos sorrisos de volta. Isto acabou de fazer o meu dia.

Sigo o caminho para o trabalho com um sorriso de orelha a orelha, sinto-me feliz neste mundo de mudanças repentinas extraordinárias!

Às vezes sabe bem sorrir para pessoas que nós não conhecemos de lado nenhum. Sentimo-nos livres e estranhos ao mesmo tempo. Espero que aconteçam mais coisas como esta pois podem tornar um dia de trabalho cinzento num dia de trabalho cheio de cores e alegria. Deixa que um sorriso faça o teu dia. Sorri!


Catarina Correia, 9.ºC


Um gesto para toda a vida

Entro no carro, a minha prioridade: ligar o rádio. Nestas manhãs difíceis, para quem acorda com o céu nublado, é bom ter a companhia da música. Saio da garagem e sigo para a autoestrada. Cá fora um mundo novo, diferente cada dia, os carros a apitar obrigam-me a aumentar o volume da rádio. Ainda não estou atrasada, o relógio marca as nove horas. Dá para apreciar a viagem, a mesma viagem que percorro todas as manhãs. A música parou, dou por mim parada no trânsito a ouvir um anúncio. Pelo que percebo, é suposto sorrir para os condutores ao meu lado.
Agrada-me a ideia. Será que eles também ouviram o anúncio? E se me acharem maluca? Terei os dentes bem lavados? Por outro lado, não é todos os dias que isto acontece e não perco nada em tentar. Olho para o meu lado esquerdo. O carro ao lado está a meio metro do meu. É uma jovem que conduz. Talvez vá a caminho da universidade. Mal obtenho a sua atenção, esboço um sorriso. Aguardo uma resposta, e o que obtenho é um largo sorriso que mostra um aparelho. Faço o mesmo para o condutor da direita. Este também é jovem, talvez da minha idade. Gosto do seu aspeto físico, tem cara de modelo. Para ele faço um sorriso com charme, pode ser que goste. Observo-o a rir. Tem uns dentes bonitos. Olha para mim com mais atenção e faz um grande sorriso. O relógio marca as nove e vinte (a hora em que me apaixonei). O rapaz acena-me e segue em frente.
Tudo isto com um simples sorriso, a iniciativa que melhorou o meu dia e a certeza de que vou repetir este gesto mais vezes. Sigo pela estrada, São Paulo já está diferente outra vez.

Patrícia Guedes, 9.º B
Filomena Gonçalves, 9.ºB





Um sorriso do desconhecido



Tudo aparentava ser um dia normal. Mais um daqueles que têm início às 7:00h da manhã e terminam às 23:30h da noite. Ao acordar, o habitual, comi, vesti-me e preparei-me para mais um dia de escola. Como é costume, vou de carro para a escola, ouvindo sempre umas musiquinhas que vão passando na rádio àquela hora. Mas hoje foi diferente. Não foi diferente por não ir de carro, nem por não ouvir as tais musiquinhas matinais. Não! Foi diferente, pois percebi, através da rádio, a importância de um sorriso. De repente dei por mim a sorrir para o desconhecido do carro do lado. Não sei porque o fiz, talvez por ser uma coisa invulgar, original, algo que nunca me irá sair da memória. E o melhor de tudo é que cheguei à escola e todos os meus amigos me falaram do tal sorriso do desafio lançado na rádio.
Na verdade, penso que as pessoas reagiram de uma forma bastante simpática, pois vi imensos condutores a sorrir uns para os outros. Acho que o objetivo deste sorriso/ desafio era, no fundo, fazer com que as pessoas falassem, cumprimentassem alguém que não conheciam. Isto fez com que as pessoas deixassem de guardar o seu sorriso interior só para elas mesmas. Como se acabassem, naquele momento, todas as impessoalidades nas relações humanas, todo o silêncio.
Estes sorrisos mostraram a importância de um pequeno gesto. Um gesto tão silencioso, que num ápice, se transformou num turbilhão de emoções.


Daniela Formas, 9.º C, n.º 10
M.ª Inês Gouveia, 9.º C, n.º 26





Um sorriso entre estranhos
Uma normal manhã em São Paulo, o mesmo de sempre: a confusão e o trânsito da cidade, que nos fazem esperar impacientemente pelo sinal verde do semáforo. Decido ligar o rádio e logo ouço o locutor, qualquer coisa como: “Se estiver a ouvir este anúncio, sorria para o condutor do carro ao lado, se ele também estiver a ouvir, irá sorrir de volta”. Instantaneamente, olho para o lado e sorrio; surpresa: recebo um sorriso de volta!
Depois de uma imensa troca de sorrisos, até que o semáforo abre, sinto uma onda de boa disposição que invade São Paulo. De facto, um sorriso entre duas pessoas completamente estranhas pode mudar o dia de qualquer um! Uma excelente iniciativa, sorrir por nós e pelos outros, sorrir porque sim, porque sabemos que alguém irá ficar feliz com isso. Dezenas de pessoas a sorrirem umas paras outras sem motivo aparente, porque os sorrisos se espalharam até todos, mesmo a quem não ouviu o anúncio.
Realmente adorei a iniciativa, nunca tinha imaginado nada assim e penso que todos nós, os cidadãos de São Paulo, tivemos um dia mais alegre! Foi uma maneira de unir as pessoas e estabelecer algum contacto entre elas, criando intimidade e cumplicidade. Criar laços por sorrisos e risos entre estranhos! Deixo aqui o meu pedido: façam a vossa cidade sorrir mais vezes!

24 de setembro de 2013
Andreia Pereira e Rita Machado, 9.º C


Sorrir no trânsito
Saio de casa e entro no carro, direita à autoestrada. Tenho um imprevisto: havia muito trânsito. Sem nada para fazer ligo a rádio e oiço música. Começa a dar um anúncio em que o locutor diz que devemos sorrir para a pessoa do carro ao lado e se a pessoa sorrir de volta era porque também estaria a ouvir o desafio. Então olhei para o lado e comecei a sorrir; a pessoa do lado respondeu com um sorriso também, sinal de que estava a ouvir a mesma estação, ou então era apenas uma pessoa simpática, que sorriu por eu ter sorrido.
Senti-me feliz, foi algo que nunca tinha acontecido e fiquei contente. Foi agradável. Um dia comum como outro qualquer tornou-se num momento em que se via só pessoas dentro dos carros a sorrir. Se, todas as vezes em que estivesse presa no trânsito, isto acontecesse, eu não teria problemas nenhuns em ficar parada. O mais admirável é que nós apenas sorrimos e isso tornou o dia diferente, fora do habitual.
Após um semáforo ficar verde esse momento acabou, avançaram todos, cada um para seu lado, seguindo a rotina diária, mas cada um com o seu sorriso único, próprio, diferente. Sorria, mesmo que o locutor de rádio não lhe diga! Um sorriso é capaz de alegrar o dia de alguém.

Inês Mota, n.º18 9.ºC

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Para saber mais sobre...António Lobo Antunes

Uma entrevista, para quem quiser descobrir um pouco mais sobre este autor. http://www.rtp.pt/noticias/index.php?article=489014&tm=4&layout=122&visual=61

Sagitário leitor

O facto de ter nascido em dezembro trouxe-me vários dissabores: um, de contornos materialistas, a prenda dos anos vinha pelo Natal; outro, de carácter astrológico, fiquei, para sempre, um ser de sagitário; e, o mais grave, de dimensões verdadeiramente trágicas, entrei para a escola quase um ano depois das outras crianças, com, exatamente, seis anos e dez meses. A bem dizer, a perda só foi grande porque foram vários meses de vida sem ler. Esse tempo de privação criou-me um trauma ainda não ultrapassado, condicionando toda a minha existência: desde que fui iniciada na ciência da decifração das letras, um processo de deslumbramento que durou dois meses, nunca mais me separei dos livros. Recordo a primeira paixão, Os cinco salvaram o tio, da Enid Blyton. Foi uma aventura avassaladora, de tão intensa, que me levou à fuga da casa dos meus pais; em cada página lida eu era também parte dos cinco e estava com eles na ilha, na casa da Zé a comer scones, a passear Tim, o cão, ou a descobrir bandidagens perigosas. E os meus pais nunca deram pela minha falta, mas certo é que saltei de aventura em aventura, viajei para outros países, para locais fantásticos, até fui ao fundo do mar e entrei dentro de um vulcão, com o Júlio Verne; vivi não um Amor de Perdição, mas vários com Camilo Castelo Branco, e recuei a tempos históricos com Júlio Dinis. Claro que não saí ilesa, hoje tenho a casa atabalhuada de livros, não chegam as estantes, estão no chão, em caixas, são daqueles amores com os quais tropeçamos e embirramos, mas dos quais não nos separamos. Eu já tentei tudo: decidi não comprar mais livros, ir só à biblioteca, uma relação perfeita, cada um na sua casa, eles sempre disponíveis p’ra mim, à distância de uma requisição; contudo o vício é grande, em poucas semanas voltei a cair na tentação ... e a comprar. Precisava de um relacionamento mais estável, com partilha de espaço... Depois, decidi emprestar ao desbarato, sem registar a quem emprestava e sem pedir devolução. Novo erro, fiquei com mais espaço em casa e com menos saúde no fígado, retorcia-me com raiva dos amigos que usurparam os meus amores. A solução parece ser que me assaltem a casa, me levem os caixotes e despejem as prateleiras, desapareçam com as páginas e páginas de ácaros nacionais e estrangeiros, de romance, poesia, ensaio, teatro e sei lá que mais. Levem-me os livros todos! Para, então, ter espaço livre para mais. Maria João Silvestre, 2007

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Regresso à escola


O regresso à escola é no continente…e não só!
Por aqui também se regressa, às mochilas, aos cadernos, aos TPC, à azáfama, aos sorrisos, às cumplicidades, aos amigos, aos livros.
Há vinte anos que sou professora. Antes destes vinte anos, regressei à escola ano após ano, desde que fiz os seis. Contas feitas, regresso à escola há trinta e seis anos. Já nem sei quantas vezes “fiz” o 9.º ano…
Cá por casa riem-se, dizem que eu nunca mais passo! Mas eu gosto de repetir, cada ano vejo-vos mais altos, com corações maiores e cabeças cheias de ideias. E gosto disso.
Disso e de fazer as pontes entre o que vocês têm para me ensinar e aquilo que eu tenho para partilhar.
Bem-vindos ao novo ano! Tudo pronto para a viagem?

Maria Judite de Carvalho

Para quem quer saber um pouco mais sobre...Maria Judite de Carvalho.
https://www.youtube.com/watch?v=RLhb3pg-Bww